Fazer saber







A atividade é o único caminho que
conduz ao conhecimento.

- Bernard Shaw



O que é mais importante, saber ou fazer? Como vivemos numa época de culto aos títulos, com canudo decidindo desproporcionalmente aprovação em concursos para cargos que não estão diretamente ligados a ensino ou pesquisa; ou, como observado nas redes sociais, com pessoas discutindo a relevante problemática de quem deve ou não ser chamado de "doutor", vale a pena desmistificar essa hierarquia entre os verbos.

Não, e não vá esperando que vou contemporizar dizendo que saber e fazer, na verdade, têm a mesma importância. Não farei isso. Não é correto, embora "politicamente" o seja. Mas por quê?

Pensemos com lógica. Então, vamos por partes. Primeiro definiremos bem as coisas. Consideramos aqui saber como leitura ou observação para fins de aprendizado. Fazer é mão na massa, é realização de trabalho para elaboração de um produto ou prestação de um serviço útil.

Ninguém faz algo bem feito sem saber. Mas você pode saber sem fazer? Não. Porque sem fazer você não tem condições de saber que sabe. Só fazendo alguém pode saber se realmente sabe. Nem que para isso você precise apenas repetir mentalmente, com suas palavras, o que acabou de aprender, dado que existem alguns conteúdos que servem apenas para serem proferidos.

Mas é possível tentar fazer sem saber. E há, no esforço, aprendizado. Adquire-se um saber fazendo. Só tentando fazer que posso errar, e se erro logo existo. E se errar é privilégio de quem faz, fazer, portanto, é um pouco mais importante que saber, pois é daquele que nasce este.

Uma consequência interessante dessa lógica é a justa e necessária valorização do saber local, do conhecimento popular. O que não implica desvalorização da educação formal. Apenas reforça a necessidade de resoluções de problemas e atividades práticas como didática, e desestimula o enciclopedismo.

Sapere aude!




Romero Maia
@SimpliciDados

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