Tempo é dinheiro: números que iluminam e razões obscuras




"O Brasil precisa explorar 
com urgência a sua riqueza, 
porque a pobreza não aguenta 
mais ser explorada."
Max Nunes, roteirista do Programa do Jô


Qual o resultado da forma como os "líderes" (entidades de previdência e bancos que financiam os governos) tomavam suas decisões no Brasil em 2019? Seguem alguns números esclarecedores:

- Remuneração média de um CEO nas empresas de capital aberto do Brasil em 2019:

R$ 853.846,15 (853 mil reais mensais para 13 meses em 1 ano, ou seja, contando com um “décimo-terceiro salário”)

fonte: Renato Chaves, ex-diretor da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e especialista em governança corporativa.

- Riqueza média gerada por cada brasileiro em 2019:

R$ 34.760,00 (aproximadamente)

fonte: IBGE

- Salário médio pago pelas empresas para contratar no Brasil em 2019:

R$ 1.584,51 (contando com um “décimo-terceiro salário”)

fonte: Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)

- Nível de semi-pobreza para uma renda mensal individual necessária em 2019:

R$ 1.085,64 (nível mínimo de sobrevivência individual para cada um dos 12 meses do ano)

fonte: DIEESE

- Razão CEO/PIB per capita = 24,5 vezes mais (recebe em 1 mês o que o Brasil leva mais de 24 anos pra produzir por habitante)

- Razão CEO/Assalariado = 538 vezes mais (recebe em 1 mês o que o assalariado levaria mais de 44 anos para juntar se pudesse passar fome)

- Razão CEO/semi-pobreza = 786 vezes mais (recebe em 1 mês o que um brasileiro pobre, mas que ainda consegue se alimentar, levaria mais de 65 anos para juntar se pudesse passar fome).

Fica claro por que faz todo sentido debater o tema tido ridículo ou equivocado pelos liberais, a "desigualdade social", que simplesmente implica desconcentração da riqueza do Brasil no curto prazo. Segue uma indicação importante de podcast (há muitos outros também para aprofundamento no link) com ideias propositivas:

https://quemsomosnos.com.br/programas/desigualdade-com-eduardo-moreira/  




A pergunta principal, no entanto, é: ainda há tempo? 
Porque dinheiro tem, e muito.

Mas para se ter uma ideia de comparação, o "The World Factbook/CIA" estimava que, em média, os 10% com maiores rendas mensais "contabilizadas" em cada país eram 12 vezes mais ricos que os 10% com menor renda.

E mais: a razão média entre a remuneração de um CEO e um funcionário de menor salário foi de 265 vezes nas empresas americanas, 146 vezes na Alemanha, e 60 vezes na Suécia em 2019.

Por fim, mas não menos importante, são as decisões dessas pessoas, os CEOs, que pela linha de comando da economia terminam sendo as ordens que, discretamente ou não, mandam no seu dia-a-dia, na sua rotina, na sua vida durante todo o tempo. Eles são pagos pra isso. Mas são os professores e pesquisadores das universidades públicas, servidores públicos resistentes às pressões políticas e econômicas por causa do direito à estabilidade, que são chamados de elite e privilegiados.


.  Romero Maia - Instagram: @SimpliciDados

📧 romeromaia@gmail.com

Comentários

  1. Não entendo quase nada do economês. Parece até que é proposital essa linguagem para que sempre acreditemos nas obviedades que o (neo) liberalismo insiste em nos inundar. Fico aqui mastigando esse raciocínio do capital produtivo e o mero especulativo, esse povo bi (tri?) lionário que ao apertar a tecla do computador ganha milhões num dia, sem nenhuma necessidade de labutar no "chão da fábrica". Tenho devagarinho tentando aprender um pouco com o Edurado Moreira e a Laura Carvalho, cujos livros comprei e ainda não li (kkkk). Quando você diz que os CEO's são realmente quem mandam nas nossas pequenas vidas, me lembro do próprio Eduardo quando nos interroga sobre a autonomia do BC: "vocês realmente querem que eles decidam quem vive e quem morre?". Tragico.

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