Um circo de horrores



As palavras têm
 a leveza do vento e
 a força da tempestade.

Victor Hugo


O debate presidencial transmitido pela Rede Globo, último antes do 1o turno das eleições, mostrou duas coisas extremamente importantes:

Primeiro que o não cumprimento de regras livremente acordadas antes de determinado evento praticamente impossibilita o convívio entre as pessoas, e gera repetida sensação de injustiça.

Mas uma segunda outra coisa, mais sutil, é que mesmo durante a vigência de regras, é muito mais fácil alguém perder o autocontrole quando é vítima de agressividade verbal do que até mesmo quando é vítima de dor física tb prevista por regras. 

Por exemplo, num torneio qualquer de artes marciais as regras estabelecem onde e como alguém pode bater no adversário, e os lutadores quase na totalidade das vezes suportam dignamente e se abraçam no final em sinal de total autocontrole. Ou seja, ao contrário do que muita gente pode pensar, a dor física não necessariamente tem mais capacidade de nos abalar, retirar nossa sensatez e o autocontrole, do que a indignação com o que escutamos.

Para todos que subestimam a força das palavras, o debate de ontem foi uma aula de como elas podem "ferir" sem chance de defesa, apesar de todos terem sido extremamente treinados para o debate. Que sirva de alerta a todos, então, que um dos aprendizados mais importantes para desenvolvermos na vida é a capacidade de nos comunicarmos com o máximo de gentileza possível. Repito, "possível", isto é, sem sacrificar nossa espontaneidade e adequação às circunstâncias.

Se não fossem por essas questões sutis do convívio humano, o debate teria sido de alguma forma útil. Porém, principalmente pelo comportamento do candidato da direita religiosa, aquilo que vimos ontem deixou de ser um debate e terminou como um circo de horrores do conservadorismo fake deste país.



📧 romeromaia@gmail.com

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