Hamas: JAMAIS!

Fonte: Reuters/BBC

"Antes de sair em busca de vingança,

cave duas covas." (provérbio japonês).



O artigo mais lúcido que argumenta no sentido do título deste nosso texto foi escrito por um nordestino, professor da UFPE e da UFRN, o Prof. Dr. Durval Muniz. Muito lúcido porque não nega o passado e presente de extremo sofrimento do povo palestino, mas reitera que nada, repito, nada justifica matar inocentes indiscriminadamente. Mesmo como resposta a outro ato que possa ser considerado "terrorismo anterior" do oponente.

Por isso mesmo que essa é exatamente a crítica que se pode fazer também à resposta de Israel, agora chamada por alguns analistas de "punição coletiva", que está sendo impetrada pelo líder ultraconservador nacionalista, Netanyahu, antigo no poder e que responde vários processos por corrupção. Onze funcionários da ONU, entre professores e profissionais de saúde inocentes, já foram assassinados na contra-ofensiva.

Por mais injusto que possa parecer pedir para um ente mais fraco e em sofrimento extremo não reagir com extremismo, isso é um imperativo básico para evitar uma catástrofe total, uma sequência sem fim de assassinatos sobre a qual nem mesmo o Estado de Direito consegue sobreviver, como você lerá de forma bem mais aprofundada no artigo do professor supracitado.

Nem a causa palestina, nem a causa do povo judeu, baseiam-se no terror. Mas o Hamas é uma organização terrorista porque contém e mantém terroristas. Não é preciso que todos os membros o sejam. Qualquer organização que assume atentados e permanece com terroristas precisa ser combatida. Até porque ter uma banda de sua atividade ligada declaradamente a atos terroristas só prejudica o povo da Palestina. Assim como o Lehi ainda mancha a imagem da causa judaica que, inclusive, é distorcida mais ainda quando confundida unicamente com o movimento sionista que atrasa qualquer transição pacificadora por meio, por exemplo, da criação de um Estado único binacional

Hoje, contudo, o que sucedeu foi o terrorismo islâmico do braço beligerante do Hamas. Não há como não se posicionar contra ele. É uma questão de princípio, dado que não restam dúvidas que usaram planejadamente táticas terroristas para atingirem seus objetivos no último sábado.

Não se pode abrir brecha para qualquer relação entre busca por equidade, clamor de justiça, sofrimento histórico, direito de defesa etc. com terrorismo. Terrorismo é sempre abominável independente dos fins que se esteja buscando e das causas que o ensejou, e deve ser combatido em cada circunstância que for usado como forma de "resistência" ou o que quer que seja. 

Quaisquer grupos que queiram se levantar contra alguma injustiça, mesmo revoltados, não podem agredir ou matar pessoas indiretamente ligadas à contenda, mas somente seus algozes. Esses, por sua vez, precisam entender o terrorismo como um "efeito" sobre o qual têm responsabilidade, um risco factual permanente que só pode ser zerado com a cessão da opressão e com a promoção do bem-estar do grupo mais fraco. Um plano de paz sério que vai precisar lidar também com a necessidade de contenção e perseguição militar de células radicais que não aceitam qualquer nível de derrota. É complicadíssimo.

Da perspectiva dos que estão sob dominação num dado período histórico, vê-se apenas a cruz e a espada, posto que só é legítimo reagir diretamente contra os responsáveis intencionais da opressão, ou se resignar a ela. Essa é a dura realidade. Diferente disso é dar continuidade a uma escalada de assassinatos aleatórios que, como sabemos, pode durar décadas ou séculos nos ciclos da vingança. Isso é completamente insano e insustentável. Se é loucura não reagir ao horror, iniciamos um surto ainda mais grave ao dobrarmos o horror. Em qualquer nível de ação ou retaliação, o terrorismo é dos males o maior.

É por aí que escreve com bastante clareza o professor no endereço abaixo. LEIA:

"Ao justificarmos o terrorismo naufragamos ética e politicamente"

Prof. Dr. Durval Muniz
Prof. Dr. Durval Muniz




. Romero Maia - Instagram: @SimpliciDados

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